Uma equipe de pesquisadores dos Estados Unidos desenvolveu uma droga que faz com que o sistema imunológico do paciente “devore” as células cancerígenas. O tratamento aumenta da defesa do organismo, feita pelos glóbulos brancos, e pode combater tumores agressivos como no câncer de mama e de pele. O estudo, desenvolvido através de testes em camundongos, mostrou que ao utilizar a droga o câncer parece ter parado de se espalhar por conta da ação dos macrófagos, que devoram invasores indesejados.
O professor Gilberto Castro, médico do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e chefe do Departamento de Oncologia Torácica e Câncer de Cabeça e Pescoço conversa em entrevista sobre as formas de imunoterapia para o combate ao câncer.
Ele explica que conforme a progressão da célula cancerígena, ela passa a produzir substâncias capazes de induzir uma reação do sistema imunológico – os antígenos. A partir daí, os anticorpos são ativados; contudo, a defesa do organismo não consegue combater as células cancerígenas por conta da produção de proteínas que “desligam” o sistema imune. A imunoterapia, então, surge com o propósito de mudar isso.
As primeiras terapias com base no estímulo do sistema imunológico para tratar o câncer datam o fim do século 19 e começo do século 20, e, no fim do século 20, anticorpos para tratamento através da injeção direta na veia dos pacientes foram desenvolvidos.
Dos últimos anos para cá, os avanços foram feitos na identificação das formas utilizadas pelo tumor para “desligar” o sistema imune, culminando no desenvolvimento de anticorpos que são direcionados a essas “chaves de desligamento” e não ao tumor. Essa imunoterapia mais moderna já é utilizada em alguns casos e faz com que o sistema imune volte a reconhecer a célula cancerígena como uma ameaça, passando a combatê-la.
O oncologista afirma que essas formas de tratamento são, em sua maioria, aplicadas a pacientes com doenças metastáticas, quando a doença já se espalhou pelo organismo. A taxa de resposta apresentada ao tratamento varia de acordo com o paciente, possuindo maior eficácia quando é aplicado a recém-diagnosticados. O especialista ainda comenta que as respostas de pacientes à imunoterapia são duradouras, tendo um controle do tumor por dez à 12 meses, e em alguns casos, por anos. Além disso, a imunoterapia pode melhorar largamente a qualidade de vida do paciente por conta da menor agressividade dos efeitos tóxicos.
Publicado em: 25 de julho de 2018
Publicado por: Universidade de São Paulo (USP)
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Categoria: Notícias da Câmara
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